segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

POEMA ENVELHECIDO


Mudei a data do poema.
Ficou mais velho um dia.
Tu não reconheceste...
Meu amor,
Quando desfilou
Diante de teus olhos,
Marejados de mágoa

HAI KAI GUILHOTINA, CARRASCOS E POESIA



Corre o machado
Escorre garganta abaixo
Um grito.

Olhares complacentes
Muito odiosos
Um triste.

Da lamina o fio
O sangue que acorda
Ao golpe mortal.

Olhar acima
A lâmina que corre
Último fôlego.

Um perdão
Quando desce o fio
Não para o golpe.

O grito impiedoso
Do amante infiel
Olhares trocados.

Fel e vinho
Ódio e perdão
Velocidade mortal.

Vão-se as dores
Roubam-se amores
Vermelho em cores


Nos corredores
Da dor maldita
O carrasco indomável

Corredores da dor
Maldito carrasco
Que espera.

A dor,
Corre;
O carrasco espera.

Serpenteia;
A lâmina desce,
Entrelaça.

Mãos guiam
A lâmina
Reta.

Deus...
O machado...
Em fim sem dor.

domingo, 16 de janeiro de 2011

PIRACEMA

Ela abriu a perna;
Eu rio, entrei
Emprenhando de peixes
Por debaixo das anáguas
Suas entranhas caboclas.

MEIO DO MUNDO

Estamos no meio do mundo
Nem por isso temos meia poesia.

MIRANTE


Hoje acordei mais cedo entre as luzes do mirante,
Por vagos muros, fortaleza da alma efêmera, misteriosa;
Fui ao rio para beber água, ao descer de leve a ponte elevada
As cordas romperam-se, então pude ver o quanto incompleto fui.

A manhã se desfez antes do amanhecer, nuvens cobriram-te amada vida.
A noite, entre sonhos e cantares esquálidos, incandescentes, vaguei
Não vi nada que me pendesse a animar a alma sofrida e torturada,
Os anos esqueceram de acalantar-me, nem lembrança;

Os outros passaram como passei posteriormente a ponte e o mirante
Rostos animados pelo fulgor da vida, clarividente olhos dos outros.
Seres passantes em mim, refinados nos traços fisionômicos,
Todos outros como eu em mim, absorvidos pela idéia de ser apenas um,
Mas eram todos diferentes, heterônimos, vagando na memória do sonho,

Algum deles poeta ou santo padre. O judeu na sinagoga prega a Torá
Sabe ele que o trem já vai partir para além da vida, fico a espreitar,
Na janela da casa olho a rua onde a carruagem passa em direção ao rio
Os mortos carregam mortos, eu vivo a dor, é minha, uma que não passa,
Fecho os olhos por um instante, mas, incerto é o sonho, um clarão,
A luz cega-me a visão do que poderia ser o infinito limiar de Deus

Um desejo de encontrar a ponte, a porta do quarto, ela entreaberta,
Deus comigo. Entre tantos seres vejo-o a conduzir-me com sua lança
Onde visto a única armadura que me cabe e cobre meu corpo,
As armaduras de uma fé inconcebível a qualquer um deles, meus outros.
Então ele me deixa por um momento sozinho, penso eu,
E atravesso a ponte para meu despertar, estou entre todos, reunidos.

Em um compendio literário, alguém me empresta a pena, uma folha,
No branco rabisco uns versos, poema perdido na imensidão do sonho,
Ausentei-me por um momento para a fragilidade da vida, vi que a noite
Era em mim tão profunda quanto a dor que senti ao pari estes versos
Uma confissão de todos os devaneios que agora procuro remexer,
Esta gaveta entreaberta se expõe ao mundo, uma gota de vergonha
Eu, do mirante observo quem lê minha vida traçada nas entrelinhas,
A ponte entre todos os personagens ruiu, mais há ainda aquela fresta
Uma passagem secreta que teimo em esconder, do mirante observo
Meu mundo ruir e ser reconstruído por todos em mim. O mirante.

Geração mimeografo

Quem sabe que sou poeta?
Nem meu pai, nem minha mãe.

Não escrevo para os escravos
Ou para os políticos,

Escrevo para os bêbados na praça,
Para as prostitutas do Bar da Loura.

Escrevo sobre a noite mal dormida,
Uma insônia que me acompanha

Desde os tempos do Novo Amapá.
Para os gritos de socorro da solidão.

(Não se morre duas vezes,
Mesmo que de forma abstrata).

Sou da geração mimeografo,
Com livro publicado.

Uns... cem exemplares,
Coisa extrema...pobresa.

Gosto de envelhecer
Tomando Flip Guaraná

Vendo o mar e o sol
A espuma e a areia.

RETRATO


TEMOS QUE CHEGAR DEVAGAR,
MAS, COMO UMA PRAGA
SEMEANDO POESIA.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

RABISCO DO LIVRO PERCEPÇÃO POLICIAL

...............................................
Expressão corporal
            De que forma está posicionado na cena: em pé, sentado, encostado, protegido por algum objeto, protegido por pessoas; posicionamento das mãos: carrega objeto como bolsa, mochila, caixa; vestimentas, etc.
Expressão facial
            Observação da expressão facial do alvo quando da aproximação.
Estado emocional
            Reação psicológica do suspeito
Estado físico
Reação física do suspeito
Marcas individuais
            Tatuagem, cicatriz, ferimentos recentes, etc.
Respostas a entrevista preliminar
            Envolve a busca pessoal e a todos os objetos dela extraídos (objetivos e subjetivos).
Recolocação do suspeito no contexto da cena
Refazer a primeira impressão da cena, recolocando o alvo, agora com todos os objetos extraídos.
Resposta aos estímulos perceptivos
            Diagnóstico geral dos fatos.
Conclusão (insight)

PERCEPÇÃO POLICIAL


 LIVRO: PERCEPÇÃO POLICIAL
AUTOR: Tenente Walderi Gouveia Rodrigues, Membro Fundador da Associação Amapaense dos Escritores (APES), instrutor de tiro defensivo, defesa pessoal, abordagem policial, bastão policial. Cursos CHO, CDC, Proteção VIP, operações especializadas. Estágios de Rotam, Sobrevivência na selva...

TALIBÃ

Aproximei do sino;
Leve, olhei...
A morte ia longe
Drobrava a esquina,
Sei que voltará muitas vezes,
E o sino não tocará
Enquanto eu sobreviver a tortura.
Tudo tem um preço.
Nada é de graça.

CALDO

Estou um tanto... pulmão alagado;
o coração parou um instante;
recobrei... reanimado;
a vida é a mesma.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Gripe

As últimas chuvas trouxeram a gripe, senti que ia me faltar a melhor coisa do mundo, AR.
O HE estava lotado, o médico como sempre, não olha para o paciente, e transforma no mais impaciente dos homens.
Nada muda; os RATOS, OS CROCODILOS e os LEÕES estão em todas as repartições.
                Não tenho melhora, a febre vem e vai de quatro em quatro horas.

domingo, 9 de janeiro de 2011

JANELA

Manhã cheia de graça,
O sol do equador adormece.
Acordo sentindo a brisa da chuva
Em meus ossos de vidro;
Da janela o campo do laguinho,
Refletida no espelho
Tia zéfa atravessa a vida,
Passam devagar nossas dores.

sábado, 8 de janeiro de 2011

A MULA TEIMOSA

_Eta! Mula teimosa. Exclamou o velho peregrino.
À noite já beirando às seis horas, empoeira o céu de um negrume amedrontador. Carlinha sai a porta e olha o horizonte; remói na memória - um final de tarde que comparasse aquele - não lembra.
_ Tarde sisuda em mãe?
O menino corre a beira do igarapé assanhando a passarada que procura o sossego para esconder-se entre as touceiras de capim.
_ Pega aquele João, vai.
E a mula birrenta não arreda o pé da estradinha de terra.
_ Bexiguenta... droga de mula, ta me tirando da paciência.
_ Mãe, põe a mesa, to só recolhendo os bichinhos no galinheiro e já vou.
A tarde vai ficando por sua vez mais e mais densa tomando a alma e agente daquela brenha; ventos do norte assanham o varal, as roupas tripudiam desbotando quase gritando na agonia da tempestade.
Os primeiro pingos de frio tomam lá longe, a mula zurra, mas, emperrada não arreda as patas, deixando-o cada vez mais furioso.
_Mula danada, devia ter deixado na roça.
Revoada. O bater de asas quebra o silencio; a noite já rebenta a claridade mais rápida, e o vento é frio, é desolador. A quietude volta quando o som se fecha entre as ramagens de capim santo.
_Vai ser um aguaceiro, chuva braba.
Agora o céu estava tomado pela escuridão, o frio franzia os ossos, enleava a alma cabocla. Longe um leve fio de cor; o de uma poronga opõe-se aquela paisagem ameaçadora.
O estrondo da passarinhada vez por outra, não quebrava o tenso estado das coisas; os meninos em algazarra gritando ou em assovios pelo terreiro; levemente as folhas secas levantam em redemoinhos tomando de supetão; o chão de terra batida todos os dias varridos religiosamente não resiste a fúria vertiginosa do vento.
_ Vamos minha pretinha!
_ Iremos tomar esse pé de chuva pela cara, mas não vai ser nada, logo que resolver sair daqui chegaremos a alguma habitação.
As janelas se fecham com a algazarra dos moleques passando para o interior próximo ao lampião; naquele calor que diferente do terreiro esbraveja contra a tempestade que armou no sopé da serra. A rede estendida cobre a sala e aconchega a curumizada que desliza num sono, cansados de matar tempo atrás da bicharada.
_ Vamos minha bichinha, a ventania vem remoendo toda a estrada, trazendo um temporal daqueles. Arriba meu doce, minha cocada, minha rapadura de mel.
A mula desempaca e se põe a andar mansamente, tomando a estrada em direção ao horizonte.
A tempestade segue outro rumo; no céu uma constelação se põe a brilhar fortemente. A lua cintila e a poronga se apaga. A vida segue indiferente ao viajante que passa bem próximo ao casebre.

Máquina de escrever

A máquina de escrever em seu espaço, quase esquecida, suspira a ultima gota de recados antigos; quem sabe a máquina, como ele, esteja afinal na ultima etapa de sua corrida.
As linhas tabuladas;
Os espelhos ajustados,
Algo cunhado no papel.

Concreto abstrato

Vago na noite entre meus poemas,
Navegando por mares poluídos,
Com gente que não me afino,
Em palavras mal-dita;
A liberdade poética não me liberta
Aprisiona-me ao estilo pobre,
Não invento, pois, inventar
É fugir de minha estrada;
Sou palhaço do verbo,
Concreto abstrato.

Quinta-feira 16 de setembro de 2010.

CARTA II

       Não sei a que dia corresponde esta manhã, estou perdido entre as colinas, nos fartos vinhedos da fazenda. Hoje voltei a nossa casa, vila de Mariana, uma cidadezinha perdida nas colinas da província do Minho, Portugal. Vi o rosto e o toquei, as mão... Acariciei; ela cozia uma toalha de renda para a Duquesa de Bel’terra. Sentada na cadeira a embalar sonhos, cantigas saudosas que eu, me recordo bem; tenho um leve deslumbramento; de seus olhos uma gota, ...sentiu minha presença, esquivei-me entre as flores do jardim... É forte sua alma, fitou seu olhar em minha direção, sorriu... Estava impaciente.
      Agora vou ao porão e recolho seus textos escritos, estão envelhecidos, os abro sobre a mesa, procuro algum sinal de onde ela poderia ter guardado a pedra, mas nada naqueles empoeirados alfarrábios... Não guardam sinais... É meu pequeno... Observei nas fendas da parede, bem próximo a janela... Sempre admirei a inteligência daquela dama, persuadi-la foi difícil principalmente arrancar um beijo.
Junto ao achado tua fotografia amarelada pelo tempo e pelo frio da parede; então a saudade mais uma vez lembrou-me as curvas do tempo, precisava voltar... A figura desbotada me causa uma parada repentina... Aquele olhar... Apresso o passo diante da leve poeira que levanta... As asas... Um clarão toma-me, enfim, o por do sol. Descanso agora.

AO MEU AVÔ JOSÉ DE PAULA RODRIGUES "O VELHO SOL QUENTE"

_ A graúna com seu canto,
A mortalha espanta o agouro.
Diz o velho cego
No sertão estorricado
Sem água.

BAR DO PITAÍCA

Acendo o cigarro,
Que agonia;
A fumaça invade a mente
Que nostalgia.
Fecharam a taberna
E o fumo, o tabaco,
Comprado de metro
Picado no prato,
Na mesa do escrivão
Lembra-me o velho
Que triste sina
Saudade de então.

PARA O POETA OSMAR JUNIOR

A flauta
Faz falta,
Feita de ferro
Funde a nota,
Que torta
Sí, enrosca
Que dó.

O laço

O passarinho abstrato
Cai na armadilha.
Por vezes sabiá somos,
Muitas outras, passarinheiro,
Ou algoz arapuca.
Mas, olhando o teatro
Da mais longa altura
Vemos que a cena
Confundi-se com o verso;
Prende-se ao leitor desavisado,
Por vezes somos sabiá.
Pequeno como um grão
De areia da praia.
Tão difícil de gravar,
Uma palavra em sua estrutura.
Sólido como o chão seco do sertão,
Extenso como o mar,
Límpido como a lua em Natal,
Doce e claro.

PARA ALCY ARAÚJO

Pensou na ponte submersa,
Nos telhados de vidro,
Na vida no remanso,
Nas águas cristalinas.

Bebeu um gole de vida,
Um trago de desengano.
Um caso de repouso.
É tarde, quase noite,
As borboletas saem de seus casulos;
Uma amarela beija minha face.
É, Judas... o relógio toca.
No Rio de Janeiro me aventuro
A passear em Copacabana,
A lua por entre as nuvens
É muda e surda.
No canteiro de obras
Deus fabrica anjos
No por do sol.

TATUAGEM

Entre todas
É a mais bela flor tatuada
Em mim.

VIDA HAIKAI DE SAMURAI MODERNO

Tic tac
O relógio esta maluco
Cuco cuco.

Uma poronga ao mar

Hoje a noite
Estava sem estrelas,
Acendi a lua
iluminei todos os fantasmas.
.
O girassol pintado nos teus olhos,
Nunca mais os vi refletido em águas;
Então, sem referencia, a deriva,
Sem vento que soprasse
Para acalmar meus devaneios,
Minha nau sem destino                                                                          
Naufragou.
.

Náufrago

É tarde,
O rio mar deságua uma flor;
Pétala a pétala
Esvai-se sobre a espuma.

Para os que como eu, não sobreviveram a dor de tantas dores.
06 de janeiro de 2011.

ÔNIBUS

O ônibus na primeira parada,
Próximo a casa estaciona ilusões;
Entre tantos farrapos e odores da noite;
Longe dos sonhos, flor-de-lis;
O timoneiro de pesadelos e desencontros,
Conduz o destino pelas ruas de pedra.

Dentro do coletivo vê a vida
Fluindo nas janelas entreabertas;
Os olhares contêm almas e medos,
Muito da vida gotejando em pontos e reticências;
A palavra aberta sinaliza chuva.

A tempestade transita entre os corpos
Entre multidão de mortos
Os quais vão conduzidos a necrópole;
São como rosas ao limiar do furacão.

ANJO

O anjo veio em sonho; era tarde, ninguém conseguia dormir, porém ele abençoou a casa e tocou minha cabeça. E viu que era bom. Eu, tão perdido, assim fiquei no templo ajoelhado por um longo período na eternidade.


“Reclamei dos meus sapatos apertados até que vi um homem sem mãos”

Fazia frio e minha alma, qual o sentido do pensamento que foi modificado intencionalmente... Jazia escuridão abaixo...

Ossario - Natal

VERSO CURTO

Os modernistas inventaram a minha preguiça,
O verso curto e sem nexo,
A palavra descompromissada de rima,
O trem para Itabira.
Sou assim depois deles,
Verdadeiramente inconseqüente.
Vagão de carga descarrilado,
Mula de tropeiro subindo a serra,
Arroz com carne seca, torresmo e feijão.
                                     
                                       para o poeta Obidias Araújo

FILHO ESPECIAL

FILHO ESPECIAL


Tenho andado muitos por esta vida. Nas diversas curvas em que a estrada mostra-me as idas e vindas de um homem já nos seus cinqüenta anos de idade. Por muitas dificuldades, por muitas alegrias e derradeiras tristezas passei, sim, não foram poucas, até me vi diante do desconhecido; não conhecedor dos segredos da ciência, como poderia entender de coisas especiais.
Perguntei a Deus, tão sábio em suas decisões como eu poderia me sentir abençoado em ter comigo tal desafio, então conhecedor do tempo e das mazelas da vida pude discernir o que advinha daquela minha provação. Ele foi crescendo em meu coração até tomar conta de tudo, enchendo a casa de uma estonteante alegria. Tava mais para presente que para castigo, entendi.
Cresceu em sabedoria, enquanto cresci em paciência e amor. Hoje entendo que sabedoria do universo está não em questioná-lo; mas em utilizar sua energia para canalizá-la em prol do bem e da beleza.

Este texto foi escrito a pedido de um companheiro de curso para a disciplina de retórica.

túmulo

             _ Gente, tem alguém aí?
            Silencio.
            _ Não brinquem, alôôô?
            Perpetua a escuridão das palavras.
            _ Eu sei que vocês estão brincando, apareçam... por favor.está quente.
            O lugar permanece obscuro enquanto ela caminha bem mais dentro de si mesma. Senta-se em um objeto vazio; parece pedra.
.............................

LUANA TAINÁ



Kaquicaio
Para Luana Tainá
_ Pai, kaquicaio!
_Kaquicaio?
_Shim, kaquicaio oh!... quando ia pra piscola!
_Piscola?
_Ia pegar meu caderno, eu torri e kaquicaio.
_Vamos filhinha, entra no carro, o parque fica logo lá em frente.
_Vamo pupaque?... brincadeque? ...qué isso?
_O que?
_Qué isso?
_É um sapo.
_Onde tá a mãe dele?
_Está por aí.
_Aí a donde?
_No mato.
_Menina vem aqui, não corre, olha a pedra...cuidado!
_Upa, kaquicaio!
Seguem de mãos dadas, a tarde adormece com a cidade. A vida segue, pai e filha se entendem rapidamente.

Reflexo das águas

Em noites escuras, negras e tenebrosas; observamos o terreiro com medo e espanto.
     Noites escuras,
O boto
Observa as águas;
Qual de nós reflexo das águas.

Jorge Luiz

E quem sabia?
No destino que a vida impõe;
Uma dor rasgada, exposta a luz da alma?
Um olhar triste, assoviando agouros
Nos ventos quentes que abancavam teu rosto;
Tu choravas graúdas agonias; caboclo o destino é assim,
Um tanto quanto distante da realidade dos sonhos.


rápida passagem

estes eu fiz durante as eleições 2010


autocaricatura

este trabalho feito no paint.

Tranco-me no submundo;


Esperando por um simples sopro,

Uma alegria medida,

Um bálsamo;

Tilintar de um sino

Vagueando desleal

Entre as paredes.

domingo, 2 de janeiro de 2011

TEIA

Entre na minha casa. É vazia, sem alegria,

Na escrivaninha cheia de papeis, permeiam

Palavras anexadas ao limo dos sentimentos.

Minha empregada saiu às dez horas,

Sem noticias abro o jornal,

A guerra flui por entre as páginas,

Mais uma noite de terror nas entrelinhas.

Maria me serve há dias o café de ontem, um pouco,

Este, amargo como um fel... Permanece na lembrança

Na minha mente cansada de vasculhar minha doença,

Somos partes do do que fomos, eu, a empregada e Maria,

Habitamos a mesma teia, no mesmo traço de algodão.

Bebo o som nostálgico do violão estático,

cabisbaixo, não olho nos olhos do meu eu,

No corredor escorrem lágrimas da moldura.

Agora saia, não invada minha privacidade...

No banheiro os sonhos se masturbam...

Agonia entediante do ser.

Um, visto do avesso, por inteiro,

Pêlo descoberto e corpo nu, uma nudez complacente.

Sou noticia de ultima hora, está faltando o templo.

Agora que tudo é silencio, fecho o caderno,

Adormeço sem perceber nada. Lá fora amanhece

O sol desponta... Tem gente detrás da porta

MESA DE BAR

Sentado à mesa do bar, outrora cheio;


Gente agitada pelos burburinhos

E a melodia das músicas de Caetano,

Qual língua a sussurrar nos ouvidos dela.





Minha pátria, minha estrela, deusa

De tantas belezas, você nua em alma desfilando tantos olhares e não são eles para mim,

São para outro entre nós; fantasia copiada;





Movo-me por entre as nuvens de poeira e cinzas

Contraio-me para que não me veja assim desnudo,

Com vergonha de te olhar tão desejoso de um amor





É fugaz... Tão fugaz que me detenho a um mergulho,

O copo esvazia-se e tu somes por entre os casais

Sou assim sempre solitário a desejar-te ser razão.

Macapá 22 de junho de 2009