sábado, 8 de janeiro de 2011

CARTA II

       Não sei a que dia corresponde esta manhã, estou perdido entre as colinas, nos fartos vinhedos da fazenda. Hoje voltei a nossa casa, vila de Mariana, uma cidadezinha perdida nas colinas da província do Minho, Portugal. Vi o rosto e o toquei, as mão... Acariciei; ela cozia uma toalha de renda para a Duquesa de Bel’terra. Sentada na cadeira a embalar sonhos, cantigas saudosas que eu, me recordo bem; tenho um leve deslumbramento; de seus olhos uma gota, ...sentiu minha presença, esquivei-me entre as flores do jardim... É forte sua alma, fitou seu olhar em minha direção, sorriu... Estava impaciente.
      Agora vou ao porão e recolho seus textos escritos, estão envelhecidos, os abro sobre a mesa, procuro algum sinal de onde ela poderia ter guardado a pedra, mas nada naqueles empoeirados alfarrábios... Não guardam sinais... É meu pequeno... Observei nas fendas da parede, bem próximo a janela... Sempre admirei a inteligência daquela dama, persuadi-la foi difícil principalmente arrancar um beijo.
Junto ao achado tua fotografia amarelada pelo tempo e pelo frio da parede; então a saudade mais uma vez lembrou-me as curvas do tempo, precisava voltar... A figura desbotada me causa uma parada repentina... Aquele olhar... Apresso o passo diante da leve poeira que levanta... As asas... Um clarão toma-me, enfim, o por do sol. Descanso agora.

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